A Coreia do Norte enfrentou neste sábado (7) um raro e significativo apagão cibernético, deixando fora do ar, por horas, os principais sites governamentais e meios de comunicação estatais. O colapso digital, que afetou inclusive a companhia aérea Air Koryo e o Ministério das Relações Exteriores, levantou dúvidas sobre a resiliência da infraestrutura tecnológica do regime
Especialistas em segurança digital e em infraestrutura da península coreana indicam que a falha não tem, até o momento, sinais de ataque externo — o que chama atenção. As conexões com a China e a Rússia, que servem como corredores digitais para Pyongyang, também foram comprometidas, sugerindo um colapso interno
Junade Ali, pesquisador britânico que monitora o tráfego da internet norte-coreana, relatou que toda a presença digital do país “desapareceu dos sistemas de monitoramento”, inclusive e-mails e serviços internos. Para ele, o cenário aponta para uma falha local, e não um ato de ciberagressão. “Pode ter sido um erro técnico. Mas, como quase tudo na Coreia do Norte, não se pode descartar o fator intencionalidade”, disse em entrevista à agência Reuters.
Martyn Williams, analista do Stimson Center e referência em tecnologia norte-coreana, corrobora a tese de que o apagão foi autoinfligido — seja por erro, seja por decisão estratégica. Ele lembra que essa não é a primeira vez que o país sofre instabilidades online. Em episódios anteriores, ataques cibernéticos coordenados foram atribuídos a potências estrangeiras como retaliação a ações do regime
Foto: KCNA via Reuters